Qualquer carro de Fórmula 1 que esteja à venda, até mesmo aqueles de equipes desconhecidas que não venceram nada, certamente estão entre as compras mais incríveis que alguém pode fazer. Afinal, até mesmo os piores carros da mais importante categoria do automobilismo ainda estão entre os melhores do mundo — e certamente serão muito rápidos. Imagine então um monoposto bem sucedido que fez parte de alguns dos momentos mais marcantes da história da Fórmula 1, como este que está à venda.
Trata-se do Benetton Ford B191, chassi nº 06 — o carro com o qual Nelson Piquet disputou seu último GP em 1991 e, no ano seguinte, um jovem Michael Schumacher conquistou seu primeiro pódio. Ah, e ele está funcionando perfeitamente!
O Benetton B191 foi uma das mais bem sucedidas criações do lendário projetista John Barnard (leia mais sobre ele aqui), que também foi responsável por ícones como o Chaparral 2K, lenda da Indy 500; pelos McLaren MP4/1 e MP4/2, pioneiros no uso do monocoque de fibra de carbono no início da década de 1980; e pelas primeiras Ferrari com transmissão eletro-hidráulica, com borboletas atrás do volante para trocar marchas.
No caso do B191, Barnard diz que o carro causou controvérsia por causa do bico, que foi considerado muito alto. No entanto, os testes em túneis de vento o deixaram confiante. Além disso, o motor V8 Ford HB, de 3,5 litros, era um dos melhores de seu tempo: com taxa de compressão de 12,0:1, ele girava a impressionantes 13.800 rpm para produzir 740 cv.
Esta força ia para as rodas traseiras através de uma caixa manual de seis marchas, com pedal de embreagem e tudo — Barnard conta que até queria ter instalado uma caixa eletro-hidráulica, montada na transversal, porém a equipe não foi capaz de acertar os sistemas eletrônicos do carro. O projetista acredita que este é seu último carro equipado com uma alavanca de câmbio.
De qualquer forma, o desempenho do carro foi muito bom. Com ele, Nelson Piquet (que já era tricampeão mundial) venceu o Grande Prêmio do Canadá em 1991 e ficou com a quarta colocação na última corrida da temporada e de sua carreira — o GP da Austrália, disputado no circuito de rua de Adelaide. Na ocasião, uma forte chuva forçou os organizadores a agitar a bandeira vermelha e terminar a prova antes da hora, mas os pilotos melhor classificados ainda ganharam metade dos pontos.
Última volta do GP do Canadá de 1991, quando Mansell deixou o carro morrer e entregou a vitória a Piquet
No ano seguinte, no dia 1º de março, Martin Brundle assumiu o volante do Benetton B191-06 para abrir a temporada, no GP de Kyalami, na África do Sul, mas precisou abandonar a prova por problemas mecânicos. No dia 22 de março, para o Grande Prêmio do México, foi a vez de Michael Schumacher pegar o carro.
O alemão, então com 23 anos, foi o terceiro mais veloz nos treinos de classificação e manteve sua posição durante a corrida, conquistando seu primeiro pódio. Na prova seguinte, ele repetiu o feito — classificou-se em quinto e terminou a corrida na terceira posição. Ele ainda venceria o Grande Prêmio do Japão, mas o B191-06 já estava aposentado.
Hoje em dia, o carro foi completamente restaurado e recebeu a mesma pintura com a qual foi guiado por Schumacher em seu primeiro pódio. E, como uma agradável exceção entre os bólidos de F1 que aparecem à venda, não se trata de um chassi sem motor que só serviria para decorar a sala de um colecionador absurdamente rico: o carro está completamente funcional, revisado e pronto para ser pilotado por quem for habilidoso e corajoso o bastante.
Aliás, coragem não basta: de acordo com as estimativas da Bonhams, também será preciso desembolsar algo entre € 220 mil e € 280 mil — ou R$ 910 mil e R$ 1,2 milhão, em conversão direta — quando o carro for leiloado em Monaco, no próximo dia 13 de maio. Como você vai conseguir esta grana? Dê seus pulos, meu amigo!
Fonte: www.flatout.com.br