A Mercedes modificou o seu modelo W08 para, em essência, melhorar a performance nas corridas e ser mais eficiente na exploração dos pneus, ponto forte do modelo SF70H da Ferrari
Numa pista onde se imaginava que a corrida teria boas chances de ser definida na largada, por causa da dificuldade de se ultrapassar no Circuito da Catalunha, o GP da Espanha, realizado neste domingo, foi bem além do esperado. Não é pecado dizer: emocionante. Vale a pena entrar um pouco mais a fundo na competição, ver como Hamilton conseguiu vencer, mesmo tendo perdido a liderança para Vettel na largada.
Havia elementos novos no espetáculo deste fim de semana em Barcelona. A Mercedes modificou substancialmente o seu modelo W08 Hybrid para, em essência, melhorar a performance nas corridas, ser mais eficiente na exploração dos pneus, ponto forte do modelo SF70H da Ferrari. Os italianos introduziram menos peças novas no seu carro, pois na prova anterior, na Rússia, já haviam feito um upgrade.
Na definição do grid, sábado, curiosamente não houve alteração naquilo que Mercedes e Ferrari vêm felizmente apresentando desde a etapa de abertura do mundial, na Austrália. Hamilton estabeleceu a pole position, com um tempo 51 centésimos de segundo melhor que o de Vettel, segundo. Uma eventual revisão desse estado de coisas, se houvesse, seria ao longo das 66 voltas no traçado catalão de 4.655 metros de extensão.
Como mencionado, a nova versão do W08 Hybrid da Mercedes foi projetada para pelo menos se equiparar à capacidade de tirar velocidade dos pneus, bem como estender sua vida útil, observadas no modelo SF70H da Ferrari.
Como tanto no sábado quanto no domingo a luta seguiu rumo semelhante a das etapas anteriores, o GloboEsporte.com perguntou a Hamilton como ele entendia o que vimos em Barcelona. O avanço da Mercedes com o novo carro foi menor do esperado? A Ferrari, apesar de ter revisto menos seu carro, conseguiu também andar para a frente e, com isso, o desempenho das duas equipes continua semelhante?
“Acredito que avançamos o que havíamos imaginado”, disse o piloto da Mercedes. “Funciona, funciona bem no nosso carro. Eles (Ferrari) trouxeram peças novas nas duas últimas corridas, enquanto nós apenas aqui. Se eles tiveram cinco novos componentes nos dois Gps, nós lançamos dez aqui. Sim, penso que demos um passo para a frente juntos.”
Hamilton pensa um pouco mais e complementa a resposta, mudando o discurso: “Nós nos tornamos um pouco mais rápidos. Mesmo que meio décimo de segundo, o pacote nos deu algo a mais, em especial na condição de corrida”. E emenda com uma declaração conclusiva: “Antes (nas quatro corridas anteriores) eu não acho que tínhamos ritmo para me manter na frente de Sebastian. Hoje é um pouco diferente, portanto houve, sim, um avanço”.
A mesma questão sobre se a nova versão do W08 Hybrid Mercedes possibilitou a Hamilton e Valtteri Bottas, de fato, um nova arma no combate a Ferrari foi proposta a Toto Wolff, diretor da escuderia alemã. “Nós estamos melhorando nosso carro a cada GP, mas o que trouxemos para cá ajudou, sim. Nós estávamos em dúvida de liberar Lewis para as 32 voltas finais com o jogo de pneus macios (pit stop realizado na 36ª volta, portanto 30 voltas e não 32). E Lewis manteve Sebastian atrás.”
Wolff comentou ainda sobre o resultado prático da impressionante versão do W08 Hybrid naquilo que mais atendia seu interesse: “Posso dizer que com os pneus médios, nós estávamos mais rápidos que eles, no mínimo no mesmo nível. E com os macios, no fim, mantivemos excelente ritmo por 32 voltas (30)”, falou Wolff. A Pirelli distribuiu no GP da Espanha os pneus macios, médios e duros.
Para Hamilton e Wolff o resultado do GP da Espanha é conclusivo: a nova versão do modelo W08 Hybrid correspondeu à expectativa de pelo menos igualar-se ao SF70H italiano na exploração dos pneus.
James Allison, diretor técnico da Mercedes, não deu um tiro no escuro neste domingo ao permitir que seu grupo de estratégia optasse por adotar os pneus macios para as 30 voltas restantes de Hamilton até a bandeirada. Isso só foi possível porque na sexta-feira os engenheiros viram que o consumo dos pneus macios, é algo mensurável, autorizava Hamilton deixar os boxes com eles.
“Eu tinha receio de perder rendimento no fim, sabia que Sebastian, com os médios, poderia atacar e perguntei ao time o que fazer com os pneus. Mas, como falei, nós mantivemos os pneus em boas condições até o fim”, disse Hamilton.
Como o traçado e as características do asfalto do Circuito da Catalunha estão dentre os mais severos com os pneus, a ponto de a FIA e a Pirelli escolherem seus pneus mais duros, esse novo trunfo da Mercedes poderá ser bastante útil nas próximas etapas. Em Mônaco, dia 28, quase não terá interferência no andamento da corrida por causa da exigência mínima dos pneus. Assim como na prova seguinte, Canadá, dia 11. Mas na sequência do calendário Hamilton e Bottas, uma vez confirmado o avanço, podem capitalizar com isso, o que é ótimo para o campeonato.
Agora Vettel ficou somente seis pontos na frente de Hamilton, 104 a 98. Bottas, terceiro, está bem distante, 63. E há ainda 15 etapas pela frente, 15 etapas para fazer desta temporada uma das mais disputadas dos últimos tempos.
Bottas abandonou pela primeira vez no ano. Problemas na unidade motriz. O finlandês explicou ser uma unidade da série anterior a que estreou em Barcelona, e também precisou se substituída, e já com alguma quilometragem. “Uma pena, pois os dois carros da equipe terminariam no pódio”, afirmou.
Ele era terceiro e não havia ninguém para ameaçá-lo. Kimi Raikkonen estava fora desde a primeira volta, por ter sido tocado pelo próprio Bottas na curva 1, levando-o a chocar-se com Max Verstappen, da RBR. E Daniel Ricciardo, da RBR, era tão mais lento que quase toma uma volta no fim, apesar de ter sido terceiro. Bottas seguiu na corrida, enquanto os outros dois, com as suspensões danificadas, ficaram na área de escape da curva 1.